Como lidar com a ansiedade: Relato de uma noiva na pandemia
2020 foi um ano atípico para todos, mas para as noivas foi um ano de frustração. Algumas cancelaram tudo devido ao desgaste emocional, outras mantiveram o sonho vivo e remarcaram para o ano que vem. A Milleny é um exemplo do último caso. Ela ia se casar em outubro, numa data muito especial para ela e o noivo, mas acabaram tendo que mudar os planos.
Eu estudei com a Milleny e tenho acompanhado a jornada dela e do noivo, Pedro, pelas redes sociais. Pensem numa noiva linda! Hehe E ainda muito envolvida nos preparativos. Fiz umas perguntas e ela contou um pouco da história com o Pedro e falou sobre como está sendo o processo de ser uma noiva na pandemia.
A Milleny manteve o casamento civil na data planejada e adiou a cerimônia religiosa e a recepção. Ela deu algumas dicas sobre como superar a ansiedade e seguir firme com os planos em meio à adversidade. Espero que aprendamos com a experiência da Milleny. Histórias como a dela podem nos dar esperança!
1 — Conte-me como você conheceu seu noivo e quando vocês decidiram se casar
A nossa história é muito engraçada, vejo Deus em tudo, em cada detalhe dela. Pedro e eu somos primos de terceiro grau, nossas avós eram irmãs (eram porque a vozinha dele faleceu há muitos anos). Ele sempre morou em Brasília e eu em Aparecida de Goiânia, nos víamos poucas vezes no ano.
Em março, ele veio para Aparecida, para o aniversário de 15 anos da minha prima. Ficou uma semana aqui antes da festa, mas nos vimos apenas um dia antes do evento. Durante essa semana, minha irmã e minha tia começaram a perguntar para nós dois, de forma individual, se ficaríamos um com o outro. Nós dois respondemos que sim.
No dia da festa, eu e a irmã dele estávamos ajudando na organização das homenagens. Daí, precisei pegar um pendrive que estava no carro do pai dele, meu sogro. E o Pedro é quem estava com a chave do carro. Fui atrás dele e caminhamos até o estacionamento. Foi nesse momento que ele se declarou e demos o primeiro beijo. Desde então, nunca mais nos desgrudamos.
Sobre o pedido de casamento, foi a coisa mais inesperada. Foi no dia do jantar da formatura dele, em 19 de agosto de 2019. Eu realmente não esperava, porque ele falava muuuito que queria fazer o mestrado primeiro para depois se casar.
Nesse dia, ela, minha sogra e eu organizamos várias surpresas para o Pedro, mas fui eu a grande surpreendida. Ele chamou a família na frente dos convidados, agradeceu e depois me chamou também para agradecer. Nesse momento ele começou a se declarar, tirou o anel do bolso e fez o pedido. Foi a coisa mais linda e emocionante!
Imediatamente começamos a organizar o casamento e aqui estamos nós, ansiosos pelo grande dia.
2 — Quando a pandemia foi anunciada, como você se sentiu?
Foi um momento muito difícil, principalmente porque não sabíamos ao certo como iria ser tudo, como essa pandemia iria se desenvolver no país. Eu chorei muito nos primeiros dias porque estava com medo do que estava por vir, principalmente em relação à saúde dos meus pais e da minha família.
O que mais me atormentava era pensar no meu casamento e na minha vida sem meus pais ou as pessoas que amo, pois tanto minha mãe quanto meu pai são do grupo de risco e isso me deixava muito aflita. A minha família, padrinhos e amigos me deram a maior força.
Como ainda não tínhamos fechado contratos grandes como buffet, espaço para recepção e decoração, resolvemos paralisar e seguir com outras coisas pontuais, como papelaria, site, convites de casamento, lembrancinhas… Tudo que podíamos fazer a mão fizemos. E isso foi muito importante para manter aquela coisa da organização ativa, sabe?
Foi um processo transformador na minha vida. Eu rezava bastante e aprendi a descansar em Deus, a confiar Nele. Entreguei nas mãos Dele: meu casamento, a saúde da minha família, tudo! Hoje vejo o quanto essa circunstância me tornou mais forte e dependente de Deus.
3 — Como foi o processo de adiar o casamento religioso?
Quando a pandemia começou, nos restou esperar. Seguimos com a organização de algumas coisas, mas paralisamos os contratos grandes. Por alguns meses, acreditava que conseguiríamos realizar nosso casamento no dia 10/10, que tudo ficaria bem.
Mas, depois, estava convicta de que não teríamos tempo hábil para finalizar a organização. A igreja tinha limitado bastante o número de convidados e vimos que seria conturbado manter a data original. Resolvemos adiar para o dia 23 de janeiro de 2021. A verdade é que eu senti paz quando adiei.
Tomamos essa decisão no final de agosto para setembro, avisamos nossos convidados e estamos seguindo com a certeza de que vamos nos casar em janeiro, como Deus permitir, mesmo que até lá tenhamos que chamar apenas 10 pessoas.
4 — Você teve que diminuir a lista de convidados?
Sim, reduzimos a lista pela metade praticamente. Inicialmente iríamos fazer um casamento para 400 pessoas, a nossa família é gigantesca, somos próximos de muitos tios e primos, temos muitos amigos que gostaríamos que estivessem presentes, mas tivemos que reduzir por dois motivos: a igreja reduziu o número de convidados e o espaço da recepção também está limitado.
Hoje estamos organizando um casamento para 250 pessoas, priorizamos parentes de 1º grau e amigos mais próximos. Para os demais, vamos encaminhar um convite virtual com o link da transmissão. Queremos que, mesmo de casa, todas as pessoas que gostaríamos que estivessem presentes possam compartilhar desse momento com a gente.
Também estamos em paz com isso. Mesmo com a redução, sabemos que quem torce pela gente estará feliz em acompanhar de perto ou de longe.
5 — Por que você decidiu manter o casamento civil em outubro?
Por uma razão muito significativa para mim: meu avô Pedro Gomes. Meu avô sofreu um infarto e faleceu no dia 27 de outubro de 2018, mas ele também fazia aniversário em outubro: 21/10. Era o mês dele, e só de ter netos aniversariando em outubro ele ficava todo feliz. Eu sou a neta mais velha, e ele dizia que queria me ver casando com o Pedro, vestida de noiva.
Quando minha avó me contou isso, meu coração se despedaçou. Queria muito que ele estivesse aqui para viver esse momento comigo! Como tivemos que adiar o religioso, eu quis manter o civil para poder me vestir de noiva e me casar com o Pedro Galvino no mês de outubro, o mês dele.
Comprei um vestido, comprei as flores e montei o buquê, coloquei a fotinho dele e do meu outro vôzinho, Wilson, num relicário e me casei no dia 17/10. Foi muito emocionante e ele estava nos meus pensamentos o tempo todo.
Ainda no final de setembro pensamos em adiar o casamento civil e o chá de panela também, pois o avô paterno do meu noivo, que também se chama Pedro, estava internado. Infelizmente, ele nos deixou no dia 29 de setembro. Mesmo que o casamento em outubro fosse importante para mim, estava disposta a abrir mão disso em respeito ao Seu Pedro. No entanto, meu sogro nos pediu para manter o casamento e assim seguimos.
Também recebemos um sinal para seguir em frente: Seu Pedro dizia para os amigos de Itauçu que iria levar todo mundo para o casamento do neto dele. Quando soubemos disso, não tivemos mais dúvidas. Nos casamos com nossos avôs no coração e com a certeza de que eles estariam muito felizes se estivessem aqui.
7 — Como foi seu chá de panela? Viveu a sensação de ser noiva?
Foi muito gostoso e divertido! Fizemos apenas para os tios e primos de primeiro grau e convidei algumas amigas mais próximas. Algumas pessoas apenas passaram de carro e entregamos lembrancinhas e um lanche da tarde. O chá foi no mesmo dia do casamento civil, só que na parte da tarde.
Deu para sentir sim essa emoção de ser noiva, de receber os familiares, tirar foto. Ri muito, chorei, foi melhor do que imaginei. Até aqui Deus nos ajudou e tem sido tudo muito leve e feliz. Fizemos questão de homenagear pessoas importantes para nós que já se foram: meus dois avôs, os avós do Pedro Galvino e meu primo Lucas.
8 — Ainda falta algum preparativo para o grande dia? Como tem lidado com a ansiedade?
Ainda temos alguns convites para entregar, precisamos escolher a decoração da igreja, o cardápio, decoração do salão e o terno do noivo. Dezembro será um mês cheio, com muitos preparativos.
Eu tenho lidado muito bem com a ansiedade. Vou ser noiva uma vez na vida, então tenho aprendido a aproveitar cada momento de forma presente e especial. É claro que não vejo a hora do nosso dia 23 chegar, mas consigo conter a ansiedade com todos os preparativos. É uma fase muito gostosa e eu quero aproveitar cada segundo dela.
9 — Você tem alguma dica para outros noivos que estão preocupados com a pandemia?
A primeira delas é não paralisar todas as coisas. Sei que a espera e o adiamento podem trazer sentimentos ruins, mas não se apegue a eles. O que você pode dar continuidade na organização? Eu mesma me ocupei com os preparativos do chá de panela, casamento civil, pre-wedding… Tudo isso me ajudou no processo de espera.
Para os casais cristãos, descansem em Deus. Em julho, numa noite que fui dormir muito aflita, rezei e pedi a Deus tranquilidade. Nessa mesma noite sonhei com um versículo da Bíblia que diz assim: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
No sonho, era como se Deus repetisse isso para mim: Minha vontade é boa, agradável e perfeita. Quando acordei, me dei conta de que se tratava de um versículo. Quando pesquisei e encontrei na Bíblia, eu não tive dúvidas: Deus tem cuidado de tudo, só preciso descansar Nele e acreditar que o melhor Dele sempre virá.
Mantenha por perto pessoas otimistas, com quem você possa desabafar e conversar. Contar com o apoio da família e amigos nos momentos mais difíceis também ajuda demais.
Gostou do relato da Milleny? As coisas ainda estão incertas para o ano que vem. Mas a dica dela é ótima: não deixar tudo de lado. Seja pela pandemia ou não, se você precisar, adie seu sonho. Mas não desista dele, ok?
Acompanhe o blog no Instagram também. Sempre tem novidades por lá!
1 Comentário
Deixe aqui sua opinião, obrigado!
Sou irmã do noivo e testemunhei de muito perto toda essa história de amor! Eu sou casada e eu aprendi muito com eles, exemplos de temencia a Deus, amor, companheirismo e muito mais. Aprendi com eles a dar importância ao que de fato importa, não sofrer por coisas passageiras, como festas enormes, e sem aprender o real sentido do casamento, a união eterna de dois em um só, e para isso quem mais importa é Deus, noivos e aqueles familiares e amigos que vc carrega no coração! Lindoooo!
Lindo site, parabéns.